Polícia espera laudos do caso Yoki para pedir prisão preventiva de viúva
Amante de executivo disse que ganhou carro de presente do empresário.
Delegacia Geral diz que não há mais depoimentos e mulher agiu sozinha.
A Polícia Civil espera a conclusão dos laudos sobre o caso Yoki
para anexá-los ao inquérito que apura a morte do executivo Marcos
Kitano Matsunaga, de 41 anos, e depois pedir a prisão preventiva da
mulher dele, a bacharel em direito Elize Araújo Matsunaga, de 30 anos.
Ela está presa temporariamente por um prazo de 30 dias em uma cadeia
pública.
Elize confessou ter matado o marido com um tiro na cabeça depois de ter
sido agredida por ele numa discussão no apartamento do casal em São
Paulo. Em seguida, ela esquartejou o corpo com uma faca e colocou as
partes em três malas. O crime ocorreu por volta das 19h do dia 19 de
maio.
A fase de depoimentos da investigação foi encerrado, de acordo com a
Delegacia Geral. Na sexta-feira (8) foi ouvida a amante do empresário.
Ela confirmou o relacionamento amoroso com Marcos e ainda contou que
ganhou um carro de presente dele.
Nesta segunda-feira (11), a assessoria de imprensa da Delegacia Geral
de Polícia, informou que peritos da Polícia Técnico Científica disseram
que Elize levou seis minutos para colocar os membros da vítima nas malas
e descer com elas, da cobertura do prédio, até o estacionamento. As
partes do corpo da vítima foram localizadas em Cotia, na Grande São
Paulo, dias depois. As malas e a faca usadas no crime ainda não foram
achadas.
Ainda segundo a Delegacia Geral, o delegado Jorge Carrasco, diretor do
Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável
pela investigação, entende que o caso já está praticamente concluído,
restando apenas documentos do Instituto de Criminalística (IC) e do
Instituto Médico Legal (IML) para serem anexados ao inquérito.
Entre os laudos que são aguardados estão o que irá revelar qual arma
matou o empresário. Uma pistola é analisada. Ela havia sido deixada por
Elize numa base da Guarda Civil Metropolitana horas antes dela ser presa
no dia 5 de junho.
Também foi descartada a possibilidade de Elize ter tido a ajuda de uma
outra pessoa para cometer o crime. Para a investigação, a mulher de
Marcos agiu sozinha, conforme relatou em seu interrogatório.
Elize responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e meio cruel, e ocultação de cadáver.
VídeoUm
vídeo gravado por um detetive particular mostra Marcos Kitano
Matsunaga, de 41 anos, diretor executivo da Yoki, uma das maiores
empresas do ramo alimentício do país, em companhia de uma mulher em um
restaurante de São Paulo um dia antes de ser morto e esquartejado, no
dia 19 de maio. A mulher do executivo, Elize Matsunaga,
de 30 anos, havia contratado o detetive para seguir o marido. Ela
confessou ter atirado em Marcos e espalhado partes do corpo em região de
mata da Grande São Paulo.
O vídeo obtido com exclusividade pelo Fantástico mostra o executivo
saindo de um restaurante com uma mulher. Ele a abraça enquanto espera o
manobrista trazer o carro.
No dia da gravação, Elize estava viajando para o Paraná, onde mora a
mãe. Desconfiada, ela contratou o detetive para seguir o marido enquanto
ela estivesse fora de São Paulo.
As cenas gravadas pelo detetive teriam provocado a discussão que
terminou com o assassinato do executivo, no dia 19 de maio. As partes de
seu corpo só foram encontradas oito dias após sua morte.
Discussão
Elize disse, em depoimento à polícia, que o marido ficou irritado com a
"audácia dela de colocar um detetive atrás dele com o dinheiro dele" e a
chamou de "vadia e vaca".
Segundo Elize, ele ficou nervoso, se levantou e deu um tapa no rosto dela.
A jovem contou que o marido ameaçou "sumir com a filha" e interná-la "para que ela não levasse a filha para longe dele".
Foi nesse momento que Elize afirma ter apontado para a cabeça do marido
uma pistola 380, que o próprio Marcos Matsunaga havia dado de presente à
mulher e que estava em uma cômoda da sala. Ela relatou que o executivo
"começou a rir e a chamá-la de fraca e burra" e que voltou a ameaçá-la:
"Disse que a vara da família ia saber que ela era prostituta e que ela
não tinha condições de ficar com a filha".
Dez horas depois do crime, ela cortou o corpo de Marcos em pedaços.
Por volta das 11h do dia seguinte, Elize aparece no elevador de
serviço, com três malas, e deixa o prédio na Vila Leopoldina, na Zona
Oeste de São Paulo. Ela disse à polícia que iria para o Paraná, mas
resolveu voltar.
Os pedaços do corpo de Marcos foram jogados em cinco lugares diferentes
na região de Cotia. As malas foram jogadas em uma caçamba e a faca, na
lixeira de um shopping.
Doze horas depois de sair de casa, ela reaparece nas imagens do elevador do prédio.
Empregada relata pedido incomum
Quando Elize voltou para casa, no domingo à noite, uma das três
empregadas do casal, estava no apartamento. A funcionária diz que não
notou nada diferente quando chegou, mas que, no dia seguinte, Elize fez
pedidos incomuns. “Lavar os lençóis, lavar o cobertor, tirar capa de
edredom. Aí eu falei pra ela ‘dá pra esperar um pouquinho mais tarde?’
Ela falou: ‘Não, vamos tirar agora.’ Aí eu fui até o quarto com ela e
tirei”, contou.
A mulher diz que notou a ausência do executivo e perguntou pelo patrão.
"Eu coloquei a mesa do café, ela tomou café, eu perguntei: ‘O seu
Marcos não vai tomar café?’ Ela falou: ‘Não, ele não dormiu em casa’.
Chegou a hora do almoço, eu coloquei dois lugares como sempre. Ela
almoçou, tornei a fazer a pergunta. ‘Ele não vem almoçar?’ ‘Não, ele não
vem almoçar’. Na hora da janta eu fiz a mesma pergunta: ‘Eu coloco dois
lugares ou um?’ ‘Não, coloca os dois, de repente ele aparece pra
almoçar, pra jantar.’ E aí ele não apareceu, e a gente parou de fazer
pergunta.”
Segundo a empregada, dois dias depois, diante de mais perguntas, Elize afirmou que achava que o marido havia sido sequestrado.