Acordo entre MP e Hopi Hari fecha parque para perícia em brinquedos.
Informação foi confirmada por promotores, delegado advogado do parque. Hopi Hari ficará fechado ao público pelo menos até domingo (4)
O parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo,
ficará fechado pelo menos até domingo (4) para que seja feita a perícia
em todos os brinquedos do local. Um Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) deve ser assinado entre a direção do parque e o Ministério Público
(MP) na tarde desta quinta-feira (1º). Em operação normal, o Hopi Hari
abre entre sexta-feira e domingo. Na sexta-feira (24), uma adolescente de 14 anos morreu após cair do brinquedo La Tour Eiffel. Segundo o MP e a polícia, a cadeira onde Gabriela Nichimura estava se abriu durante perícia na tarde de quarta-feira (29).
A decisão sobre o fechamento temporário do parque foi confirmada pela
promotora Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, pelo advogado do parque,
Alberto Zacharias Toron, e pelo delegado titular de Vinhedo,
Álvaro Santucci Noventa Júnior, responsável pelas investigações do
acidente. A promotora Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira divulgou que o
local deve ficar fechado por 10 dias, mas o delegado e o advogado do
Hopi Hari não confirmam o prazo. Somente após o laudo oficial da perícia a Promotoria vai analisar se
pede que o parque fique fechado por mais tempo. "Se for constatado que o
problema se repete em outros brinquedos, podemos pedir a interdição do
parque. Nós precisamos ainda de mais testemunhos e o laudo pericial para
decidir se vamos tomar essa decisão", explica a promotora Ana Beatriz.
Depoimentos
O gerente-geral do Hopi Hari e responsável pela manutenção do parque
prestou pela segunda vez depoimento ao delegado Álvaro Santucci Noventa
Júnior e ao MP nesta quinta-feira (1º). O funcionário confirmou que a
cadeira que Gabriela Nichimura estava foi desativada há 10 anos e que
deve ter sido acionada por outra pessoa de forma manual por algum
funcionário, segundo o advogado do Hopi Hari, Alberto Zacharias Toron.
No primeiro depoimento, na terça-feira (28), ele informou que era impossível ter havido falha mecânica no equipamento e apontou como falha humana a causa mais provável do acidente.
O gerente de operações do parque seria ouvido na tarde desta
quinta-feira, mas o depoimento foi cancelado. O motivo não foi divulgado
pela polícia e pelo MP. O engenheiro responsável pelo Hopi Hari, Fábio
Ferreira, também deve ser ouvido, mas a data do depoimento não foi
marcada, de acordo com o advogado do parque Alberto Zacharias Toron. Trava se abriu em perícia
O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil informaram que a perícia
feita na tarde de quarta-feira no brinquedo La Tour Eiffel apontou que a
cadeira onde Gabriela Nichimura estava se abre no momento da descida.
"A perícia de hoje (quarta-feira) atestou que a cadeira onde ela estava
faz movimentos de chicote na descida quando o brinquedo é operado",
disse o promotor Rogério Sanches. O parque informou via assessoria de
imprensa que não vai se manifestar sobre a perícia ou sobre o
depoimento dos dos operadores. Em nota divulgada na noite de
quarta-feira (29), o Hopi Hari reitera "veementemente a cooperação
absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva do
caso".
O delegado que investiga o caso, Álvaro Santucci Noventa Júnior, também
confirmou que a cadeira estava com defeito. Ele falou com o perito do
Instituto de Criminalística (IC), Nelson Patrocínio da Silva, que esteve
no local na quarta-feira. "Quando a atração é colocada em atividade, a
trava se levanta e depois dá uma 'chicotada' e abaixa fortemente",
explica o delegado. A falha não foi apontada nas perícias feitas na
sexta-feira (24), dia do acidente, e na segunda-feira (27).
A Promotoria trabalha com duas frentes de investigações, uma criminal e
outra do direito do consumidor, e afirma que houve grau máximo de
negligência. Tanto o MP quanto a polícia atestam que o parque sempre
afirmou que a cadeira estava inoperante há anos.
"Há uma falha gravísima do parque na medida que ele faltou com o dever
da informação. Era dever do parque indicar aos operadores e usuários que
aquela cadeira nunca poderia ser utilizada", completa Ana Beatriz. "A
constatação muda totalmente o rumo da investigação. Fomos induzidos ao
erro", afirmou o delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior. A informação
incorreta sobre o assento em que a garota estava no momento do acidente
foi passada por testemunhas, de acordo com ele.